Em qualquer operação comercial ou produtiva, compreender exatamente quanto custa entregar um produto ao cliente é um dos pilares da gestão financeira. Entre os indicadores mais relevantes para isso estão o CMV (Custo da Mercadoria Vendida) e o CPV (Custo do Produto Vendido), fundamentais para entender margens, precificação e sustentabilidade do negócio.
Embora simples à primeira vista, esses indicadores trazem implicações diretas sobre a competitividade e a lucratividade. Como afirma Felipe Chiconato, Sócio e consultor da Empreenda 360, “o CMV e o CPV têm a principal função de revelar o custo real de execução ou comercialização do que você vende”.
A seguir, exploramos esses conceitos, como calculá-los e por que eles impactam tanto os resultados da empresa.
Entendendo o papel do CMV e do CPV no negócio
O CMV é aplicado principalmente ao comércio: lojas, mercados, operações de varejo em geral. Já o CPV costuma ser utilizado por empresas que transformam insumos em produtos — cozinhas industriais, docerias, fábricas ou negócios que possuem etapas de produção. “O mercado raramente chama de CPV. Normalmente usa CMV para tudo porque é mais simples de falar”, comenta Chiconato.
Na prática, CMV e CPV representam a mesma lógica: o custo direto do que o negócio entrega. A diferença está apenas no tipo de operação. Há ainda o CSP (Custo do Serviço Prestado), voltado para prestadores de serviço.
Segundo Chiconato, “quanto menor o peso desse custo, maior a possibilidade de ganho — ou seja, maior a margem de contribuição”. A margem de contribuição é o indicador que mede a diferença entre o preço de venda e o CMV/CPV, mostrando o quanto cada venda contribui para pagar despesas e gerar lucro.
Ele explica ainda que controlar esse indicador é uma tarefa contínua: “CMV é igual unha: você vai ter que cortar sempre, comprando melhor, melhorando rendimento, qualificando a equipe”. Não existe porcentagem ideal universal. Segmentos, modelos de negócio e estratégias variam. Há restaurantes lucrativos com 22% de CMV e outros igualmente lucrativos com 38%, dependo da precificação, posicionamento e estrutura.
Em resumo, o impacto desses indicadores depende da coerência entre custos, estratégia e proposta de valor.
CMV e CPV: como fazer o cálculo?
Calcular o CMV ou o CPV é, essencialmente, somar todos os custos que compõem o produto. No caso de uma pizza, por exemplo, entram na conta:
- Farinha
- Massa pronta ou preparada
- Queijo, molho, coberturas
- Embalagem
- Insumos complementares necessários à produção
A soma desses itens forma o CPV. Para transformar esse valor em percentual — um dos modos mais usados para comparar produtos e avaliar a rentabilidade — basta dividir o CPV pelo preço de venda:
CMV/CPV (%) = (Custo do Produto ÷ Preço de Venda) × 100
Quanto menor o resultado dessa conta, maior a margem de contribuição, e, portanto, maior o potencial de lucro por unidade vendida.
A ferramenta mais eficiente para realizar esse cálculo é a ficha técnica, documento que detalha item a item tudo o que compõe o produto. Chiconato destaca que muitos empresários ignoram pequenos valores, mas alerta: “Às vezes é 5 centavos, 1 centavo, mas a soma desses itens no montante tem um peso significativo”.
Negligenciar detalhes compromete a apuração real dos custos e a tomada de decisão.
Para concluir, as siglas CMV, CPV e CSP são indicadores centrais para qualquer operação que vende produtos ou serviços. Eles revelam, com precisão, o custo direto de cada item comercializado e possibilitam decisões mais inteligentes sobre precificação, compras, processos e margem de contribuição.
Como reforça Felipe Chiconato, conhecer esses custos é essencial para garantir competitividade e sustentabilidade financeira. Mais do que números, são ferramentas estratégicas para aumentar resultados e orientar o crescimento do negócio.
Entenda também se a panificação no modelo de produção sob demanda vale a pena neste artigo: https://ricca.com.br/blog/panificacao-producao-sob-demanda